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Neste libelo do te�logo Erasmo de Rotterdam (1469-1536), quem fala � a Loucura. Sempre vista apenas como uma doen�a ou como uma caracter�stica negativa e indesejada, aqui ela � personificada na forma mais encantadora. E, j� que ningu�m mais lhe d� cr�dito por tudo o que faz pela humanidade, ela tece elogios a si mesma. O que seria da ra�a dos homens se a insanidade n�o os impulsionasse na dire��o do casamento? Seria suport�vel a vida, com suas desilus�es e desventuras, se a Loucura n�o suprisse as pessoas de um �mpeto vital irracional e incoerente? N�o � m�rito da Loucura haver no mundo la�os de amizade que nos liguem a seres perfeitamente imperfeitos e defeituosos? Nas entrelinhas de Elogio da Loucura, o humanista Erasmo critica todos os racionalistas e escol�sticos ortodoxos que punham o homem ao servi�o da raz�o (e n�o o contr�rio) e estende um v�u de compaix�o por sobre a natureza humana. Pois a Loucura est� por toda parte, e todos se identificar�o com algum dos tipos de loucos contemplados pelo autor. Afinal, como ele pr�prio diz, "Est� escrito no primeiro cap�tulo do Eclesiastes: O n�mero dos loucos � infinito. Ora, esse n�mero infinito compreende todos os homens, com exce��o de uns poucos, e duvido que alguma vez se tenha visto esses poucos".